11/07/2025

Haverá Sinais

 

A recente guinada de Tarcísio de Freitas em direção a um alinhamento mais explícito com Jair Bolsonaro, como mostrou o jornal Valor Econômico, acende um sinal claro sobre os rumos da política brasileira para 2026. 

O governador de São Paulo, tido até pouco tempo como um nome técnico, moderado e institucional, passa agora a endossar abertamente pautas como a anistia a golpistas e as críticas ao Supremo Tribunal Federal. É um movimento estratégico, evidentemente eleitoral, que antecipa sua disposição de disputar o Planalto — e de herdar o capital político de seu padrinho.

Esse episódio reforça um problema estrutural da política brasileira: a incapacidade de nossos líderes romperem com o culto à personalidade. Seja à esquerda ou à direita, os nomes que emergem nas disputas majoritárias parecem sempre estar à sombra de um “líder máximo”

Tarcísio não é mais apenas governador de São Paulo; é, agora, o herdeiro legítimo do bolsonarismo. E assim como ele, outros tantos seguem orbitando os polos de Lula ou de Bolsonaro, como se a política se resumisse à disputa entre dois Messias.

Enquanto isso, o país continua refém de uma polarização que apequena as instituições, contamina o debate público e transforma qualquer tentativa de moderação em fraqueza. 

Na mesma medida em que a direita questiona as decisões do STF, a esquerda desmoraliza o Congresso quando este contraria seus interesses. Trata-se da mesma moeda populista, apenas com lados opostos.

Recuso-me a escolher um desses lados. Não porque não tenham diferenças — é claro que têm —, mas porque ambos parecem partilhar do mesmo defeito de origem: uma política centrada em lideranças carismáticas, não em propostas sólidas. Uma política de plateias inflamadas e inimigos imaginários, onde a democracia se transforma em instrumento, e não em fim.

Não há sinais de que sairemos desse ciclo tão cedo. Mas é necessário, desde já, denunciar a farsa desse falso dilema. O Brasil precisa urgentemente de lideranças com coragem para romper com a lógica do “nós contra eles”, e com disposição para fortalecer as instituições — todas elas, inclusive as que incomodam.

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