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11/11/2025

Paspalhões da Política

 

“Paspalhões da Política: Quando a Vaidade Substitui o Debate”


O Brasil virou refém de um espetáculo que insiste em se repetir: a política transformada em ringue, os palanques em arquibancadas, e os microfones em armas. A troca de ofensas entre o governador Cláudio Castro e o ministro Guilherme Boulos é mais um capítulo desse roteiro cansativo — uma sucessão de provocações que nada acrescenta ao país e tudo retira do diálogo público.

Tudo começou com uma crítica. Boulos, reagindo a uma operação policial no Rio de Janeiro que resultou em mais de uma centena de mortos, levantou questionamentos legítimos sobre o papel do Estado na condução da segurança pública. Mas, em vez de responder com argumentos, dados ou mesmo com o mínimo de serenidade institucional, Castro optou pela grosseria: chamou o ministro de “paspalhão”. A palavra, mais digna de uma briga de bar do que de um debate entre autoridades, virou manchete — e o país, mais uma vez, trocou a substância pela espuma.

A resposta veio rápida, nas redes sociais, com a ironia que virou o combustível da política moderna. Boulos insinuou que o governador estaria “angustiado com as investigações”, referindo-se a suspeitas sobre aliados de Castro. O que poderia ser um momento de reflexão sobre a violência urbana e o papel do Estado, virou apenas mais uma troca de farpas — um duelo de vaidades travestido de indignação moral.

OPNIÃO

POR ROGÉRIO ALVES

  

E o povo? 

Continua soterrado sob a poeira dos destroços deixados por esses embates. Enquanto políticos transformam desavenças pessoais em manchetes, as comunidades do Rio de Janeiro vivem o medo diário das operações policiais; o país segue sem respostas concretas sobre segurança, e a política nacional vai se tornando um campo de guerra de egos — sem projetos, sem resultados, sem rumo.

Essa cultura da provocação e da retaliação é a antítese da democracia madura. Governar e dialogar exigem mais que coragem — exigem grandeza. Mas o que vemos é o contrário: a pequenez das palavras substituindo a grandeza das ideias. Quando um governador chama um ministro de “paspalhão” e o ministro responde com ironia, o que ambos revelam não é força, mas fraqueza — a incapacidade de elevar o debate acima da vaidade.

O país precisa de líderes que falem menos para os holofotes e mais para o futuro. Que troquem o espetáculo pela responsabilidade. Porque, no fim das contas, os verdadeiros “paspalhões” não são apenas os que trocam ofensas — mas todos os que aplaudem esse teatro como se fosse política de verdade.

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