Quando o silêncio prepara o próximo alvo
Donald Trump afirmou que não sabia se deportaria Elon Musk, mas que “daria uma olhada nisso”.
A frase, lançada com a casualidade de quem folheia um cardápio, revela muito mais que uma política de imigração: revela o quanto a ameaça pode ser uma ferramenta política, mesmo quando dirigida ao homem mais rico do mundo.
Muitos aplaudiram. Afinal, Musk é bilionário, dono de empresas com grande influência, e para alguns, representa uma ameaça às ideias progressistas — ou conservadoras — dependendo do lado em que ele pisa naquele dia.
Mas é aqui que entra o alerta do poema atribuído a Bertolt Brecht. Quando nos calamos diante da perseguição ao outro, porque não é “conosco”, abrimos caminho para que o ciclo se repita — e eventualmente nos alcance.
Hoje é o estrangeiro bilionário, amanhã pode ser o imigrante comum, depois o jornalista, o professor, o opositor político, o cidadão comum.
A retórica da perseguição sempre começa com alguém que a maioria acredita poder dispensar.
Trump não falou apenas de Musk. Falou da lógica do medo. E quando o medo começa a ditar quem pode ou não ficar, quem pode ou não falar, quem pode ou não existir — o silêncio se torna cumplicidade.
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