O Grande Agiota
No Brasil, o agiota não mora na esquina nem ameaça com capanga. Ele usa terno, anda de jatinho e tem cadeira cativa em Brasília. É respeitado, elogiado como “motor da economia” e tratado como herói quando, na verdade, vive à custa da miséria alheia.
Veja os juros do cartão de crédito, por exemplo: 449,9% ao ano. Isso mesmo — quase cinco vezes o valor da dívida. E a desculpa sempre é a mesma: inadimplência, risco, custo Brasil. Mas a verdade nua e crua é simples: ganância. É lucro fácil, rápido e garantido em cima do desespero de quem precisa parcelar o leite e o gás.
Agora, quando se fala em taxar grandes fortunas ou aplicar IOF sobre operações financeiras milionárias, o grito vem alto:
“É confisco!É injusto! Vai quebrar o sistema!”
Não vai. Quem quebra é o trabalhador que paga dois dígitos de juros ao mês e ainda arca com tributo embutido no arroz, no feijão e no sabonete.
A *Faria Lima" não é contra imposto. Ela é contra pagar imposto. Imposto, para eles, é coisa de pobre.
E o Congresso, bem domesticado, financiado por essa elite financeira, cuida para que continue assim:. Reforma tributária? Sim. Mas para manter tudo como está.
O Brasil tributa mais quem consome e menos quem lucra. Pobre paga com suor, rico paga com lobby.
A verdade é que o maior agiota do Brasil não está no mercado informal. Está legalizado, institucionalizado e protegido por leis escritas sob medida. E quando se tenta cobrar alguma justiça, como o IOF sobre operações financeiras de alto valor, os jornais do dia seguinte estampam manchetes apocalípticas: “Mercado reage”, “Risco de fuga de capitais”, “Empresários preocupados”.
Preocupados com quê? Com a possibilidade de ter que pagar o mesmo que o garçom, a diarista ou o entregador paga proporcionalmente ao que ganha?
A elite brasileira não quer justiça tributária. Ela quer manter o seu feudo intocado. E enquanto isso, o Brasil segue como está: um país onde os ricos acumulam, os pobres se endividam e o Estado se ajoelha para o “grande agiota”.
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