Desafios e Resiliência de um Gigante Agroalimentar
O Ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, reconheceu recentemente a presença de focos de gripe aviária em aves migratórias que cruzam o território brasileiro. Embora a maioria dos casos tenha sido registrada em aves silvestres, a detecção de um surto em uma granja comercial no Rio Grande do Sul, em maio de 2025, acendeu um alerta no setor agropecuário nacional.
Histórico da Gripe Aviária no Brasil
O primeiro caso de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP) no Brasil foi confirmado em maio de 2023, no Espírito Santo. Posteriormente, foram identificados focos nos estados da Bahia, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, principalmente em aves silvestres ao longo do litoral . Em outubro do mesmo ano, o vírus foi detectado em mamíferos marinhos, como lobos e leões-marinhos, indicando uma expansão preocupante da doença.
Medidas de Contenção
Diante da ameaça, o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) implementou protocolos rigorosos de biossegurança. No caso da granja afetada no Rio Grande do Sul, cerca de 17 mil aves foram abatidas preventivamente. Além disso, foram estabelecidas barreiras sanitárias e intensificada a vigilância em outras regiões, com o objetivo de evitar a disseminação do vírus para outras áreas comerciais .
O Brasil também reforçou a fiscalização e as pesquisas laboratoriais para monitorar possíveis novos focos da doença, visando manter o status sanitário do país e garantir a segurança da cadeia produtiva avícola .
Impactos Econômicos
A gripe aviária representa uma ameaça significativa para a economia brasileira. Estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV Agro) estima que um surto em larga escala poderia causar prejuízos de até R$ 21,7 bilhões à economia nacional, com perdas de R$ 11,8 bilhões apenas no agronegócio. Além disso, seriam eliminados cerca de 46 mil postos de trabalho formais, afetando diversos setores relacionados à produção avícola .
As exportações também sofreram impactos imediatos. Mais de 30 países, incluindo China e União Europeia, impuseram restrições às importações de carne de frango brasileira após a confirmação do surto. Considerando que o Brasil é o maior exportador mundial de carne de frango, com vendas de 5,2 milhões de toneladas em 2024, gerando US$ 9,9 bilhões, cada mês de veto chinês representa uma perda de aproximadamente US$ 100 milhões para o setor .
O Brasil, como gigante na produção de alimentos, enfrenta um momento crítico com a ameaça da gripe aviária.
A resposta rápida e coordenada das autoridades e do setor privado é essencial para conter a doença e minimizar seus impactos econômicos. Este desafio exige resiliência e maturidade, reforçando a importância de políticas públicas eficazes e de um sistema agropecuário robusto para garantir a segurança alimentar e a posição estratégica do país no mercado global.