
Ancelotti na Seleção: técnico europeu para encobrir a sujeira da CBF.
Por Rogério Alves
O anúncio da contratação do renomado técnico italiano Carlo Ancelotti para comandar a Seleção Brasileira nas Eliminatórias e na Copa do Mundo de 2026 veio com pompa e alarde.
O presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, tenta com isso reacender o entusiasmo da torcida, vender esperança e, quem sabe, silenciar as críticas.
Mas será que a chegada de um técnico consagrado basta para mudar o que está apodrecido nos bastidores?
A recente reportagem da revista Piauí revelou um cenário assustador: corrupção, favorecimento político, assédio e má gestão financeira dentro da Confederação Brasileira de Futebol.
- Enquanto se paga passagens de primeira classe para políticos e celebridades, árbitros da Série A têm seus treinamentos suspensos por falta de verba.
- Enquanto se aumenta em 330% os repasses para presidentes de federações estaduais, funcionários relatam um ambiente tóxico e autoritário. E, no centro de tudo isso, Ednaldo Rodrigues — o mesmo que, agora, veste a camisa da moralidade ao contratar Ancelotti.
Não há dúvida de que Ancelotti é um dos melhores técnicos do mundo. Mas ele vem para comandar um time — não para limpar o sistema.
A tentativa da CBF de jogar para a arquibancada e desviar o foco das denúncias usando o prestígio do treinador europeu é uma jogada velha: distrair com vitórias, esconder com gols.
O perigo mora exatamente aí. Se a Seleção começar a vencer — o que é possível, dada a capacidade técnica do elenco — parte da imprensa, da torcida e dos políticos corre o risco de esquecer os escândalos. A paixão pelo futebol, como sempre, pode ser manipulada para apagar a memória do povo.
O futebol brasileiro não precisa apenas de títulos. Precisa de dignidade, de limpeza, de respeito ao torcedor que paga caro para ver seu time jogar e para manter essa estrutura bilionária funcionando. A chegada de Ancelotti pode ser positiva para o campo, mas é inútil — e até perigosa — se usada para encobrir a podridão fora das quatro linhas.
Sou Rogério Alves na luta por uma sociedade mais igual e justa — inclusive dentro do futebol.
O Brasil merece um futebol campeão, sim, mas também limpo.
Chega de jogar a sujeira para debaixo dos tapetes.
Chega de cinismo.
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