O Brasil dos Bebês Reborn e o Abandono da Realidade

Às vezes me pego pensando se não entrei, sem perceber, em alguma realidade paralela. Abro as notícias e vejo deputados federais — pagos com o suor do povo — discutindo projetos de lei sobre bebês reborn. Sim, aqueles bonecos de silicone, usados por adultos para simular o cuidado com um recém-nascido. Tem parlamentar propondo multa pra quem tentar furar fila com um boneco no colo. Outro quer impedir que o SUS atenda quem confunde o brinquedo com um ser humano. E ainda tem quem ache que a solução seja garantir apoio psicológico estatal para essas pessoas.
Não estou dizendo que saúde mental não é importante — muito pelo contrário. Mas depois de cinco meses em que essa mesma Câmara dos Deputados não conseguiu decidir se vai ou não anistiar políticos e alienados que cometeram crimes eleitorais, o país agora precisa parar tudo para decidir o destino legal de bonecos de borracha?
Enquanto isso, aqui em Bacabal, os vereadores seguem firmes no velho hábito de distribuir títulos de cidadania como se fosse troféu de participação.
Todo ano é a mesma coisa: homenagens, medalhas, moções de aplauso — tudo muito bonito, mas e os animais nas ruas, as ruas esburacadas. calcadas cheias de mato e lixo, muito lixo, não merecem atenção?
E a ponte do Mearim? E a rodoviária? E a organização do trânsito? Tudo virou símbolo da enrolação política?
E a fila das consultas, e as fardas dos alunos?
Nada.
Silêncio.
Letargia absoluta.
O cidadão comum já não sabe se ri ou chora. Em Brasília, legisladores brincam de realidade alternativa. Em Bacabal, vereadores se contentam em bajular empresários e políticos com diplomas honoríficos, como se isso fosse suficiente para justificar o salário que recebem. Enquanto isso, o povo continua na fila do hospital, sem médico, sem remédio, e agora — pasmem — competindo espaço com bonecos de silicone nos debates parlamentares.
O Brasil precisa urgentemente voltar à realidade. E nossos representantes, em todas as esferas, precisam lembrar por que foram eleitos: para trabalhar pela vida real — não por enredos de novela.
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