
O ex-presidenciável do PDT Ciro Gomes, candidato do partido nas eleições de 2018 e 2022, virou mesmo um cara de pau e saiu em defesa nesta terça-feira do ex-ministro da Previdência, Carlos Lupi, que deixou o governo Lula (PT) após o desgaste causado por investigações contra descontos fraudulentos em aposentadorias.
Referindo-se a Lupi, presidente do PDT, como "um homem sério" (fala sério👴), Ciro procurou eximir o aliado de culpa nas investigações, que apuram desvios de até R$ 6,3 bilhões, e disse que a "responsabilidade política" é de Lula.
A responsabilidade política é de Lula, mas a responsabilidade pela devolução da grana é do Ministro.
A declaração de Ciro, feita durante um encontro com deputados estaduais do PL e do União Brasil na Assembleia Legislativa do Ceará, ocorreu no mesmo dia em que a bancada do PDT na Câmara dos Deputados decidiu deixar a base de Lula, devido ao incômodo com a demissão de Lupi.
Ciro afirmou ainda que o presidente do PDT foi "fritado" e "queimado" por Lula, e novamente criticou a nomeação do antigo "número dois" da pasta, Wolney Queiroz (PDT-CE), para seu lugar.
O pedetista questionou "o que Lupi fez de omissão que um secretário-executivo (Wolney) deixou de fazer igual".
— Quem é o responsável político por essa questão? É o Temer, é o Bolsonaro, é o Lula. Vão transferir para auxiliares? Isso é tentativa de queima de fusível. Queima para proteger a fiação. Lupi, até onde eu sei, e sei muito, é homem sério, de vida simples. Não tem nenhum sinal externo de riqueza — afirmou Ciro.
O ex-presidenciável do PDT também atribuiu responsabilidade aos ex-presidentes Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL) pelo caso, que ficou conhecido como fraude do INSS, referindo-se ao fato de haver investigações sobre descontos indevidos em aposentadorias envolvendo essas gestões.
No entanto, segundo Ciro, isto ocorria "na faixa de R$ 200 milhões, R$ 300 milhões por ano, e no governo Lula passou para R$ 3 bilhões".
Segundo as investigações, associações conveniadas ao INSS fizeram descontos numa média anual de R$ 523 milhões entre 2016 e 2021; em 2023, o valor saltou para R$ 1,3 bilhão. O governo ainda apura o montante que foi descontado indevidamente.
Ciro na direita. Aliança com o PL
Nesta terça, Ciro se reuniu com integrantes do PL e do União Brasil para discutir uma chapa de oposição ao PT nas eleições estaduais no Ceará em 2026. O ex-presidenciável do PDT defende o nome do aliado Roberto Cláudio (PDT), ex-prefeito de Fortaleza, como candidato ao governo.
Ciro também mostrou disposição em apoiar ao Senado o nome do deputado estadual Alcides Fernandes (PL). Ele é pai do deputado bolsonarista André Fernandes (PL-CE), que foi derrotado no segundo turno da eleição à prefeitura de Fortaleza, em 2024, pelo atual prefeito Evandro Leitão (PT).
No encontro, Ciro voltou a negar a possibilidade de se candidatar novamente a algum cargo público, mas disse que participará de articulações de uma chapa com o propósito, segundo ele, de "salvar o Ceará" — o estado é governado desde 2014 pelo PT, primeiro com Camilo Santana, atual ministro da Educação, e atualmente com Elmano de Freitas. Ciro, que já foi aliado de Camilo, rompeu com o PT local às vésperas das eleições de 2022.
A postura oposicionista de Ciro em relação ao governo Lula é minoritária no PDT, mas integrantes do partido avaliam que o ex-presidenciável segue se movimentando na tentativa de influenciar os rumos da sigla. Ciro manteve relação amigável com Lupi mesmo com a adesão do PDT a Lula no segundo turno de 2022, posição à qual foi contrário, e seguida pela entrada da sigla no governo.
Wolney, substituto de Lupi no Ministério da Previdência, é ex-deputado pelo PDT por Pernambuco e faz parte da ala da sigla que não se engajou na candidatura de Ciro à Presidência em 2022. À época, Wolney mostrou simpatia pela candidatura de Lula, e posteriormente fez parte do gabinete de transição após a vitória do PT na eleição presidencial.
Fonte: Por Bernardo Mello — O Globo
Hipócrita. Não é de hoje que Lupi é considerado corrupto contumaz.
ResponderExcluir