Publicado por Camila Arantes Sardinha.
Tatuagens são um grande tabu, sobretudo em meios como o do Direito,
conhecido por seu caráter conservador e tradicionalista. Frequentemente esse
assunto vem à tona, sendo que para muitas pessoas permeia a dúvida se seria um
empecilho para exercer a advocacia ou cargo público no âmbito jurídico ter uma
parte do corpo tatuada.
Uma quantidade considerável de clientes espera, ainda que
inconscientemente, encontrar o advogado vestido de terno e gravata, com cara de
pessoa experiente e estudiosa. Frequentemente ouvimos comentários como
"nossa, mas você é advogado? Não parece", simplesmente porque não
estamos vestidos "a caráter".
Sendo assim, uma tatuagem em um local muito visível pode, sim,
atrapalhar profissionalmente o advogado, especialmente se o cliente for pessoa
mais conservadora ou de mais idade.
Cristalina a presença de um pré-julgamento e preconceito (de pré
conceito, conceito formado preliminarmente, sem análise dos fatos). Afinal, é
óbvio que o fato de um advogado ser tatuado não influencia em absolutamente
nada em seu profissionalismo e sua competência (no sentido de capacidade).
Entretanto, quando lidamos com pessoas, é bom levarmos em consideração algumas
cautelas, a fim de não nos prejudicarmos, já que a primeira imagem que passamos
ao cliente pode ser muito mais importante do que imaginamos.
Certa vez, em uma festa de batizado, estava conversando com um senhor de
cerca de 70 anos, e depois de muitas horas de conversa ele me indagou a
respeito da minha profissão. Quando comentei que era advogada, ele se espantou e
disse: "mas com tatuagem?".
Já ouvi explicitamente de muita gente que "sei que é bobeira, mas
tenho preconceito contra gente tatuada". Então, infelizmente, sou forçada
a admitir que tatuagem, ainda hoje, é um tabu. E que uma tatuagem muito
grande ou muito visível pode, sim, atrapalhar sua vida profissional, ao menos
na advocacia.
É bobeira? Sim. Mas é um fato e deve ser considerado.