Uma história da Argentina não deve lhe interessar, mas tem algo de diferente no tráfico de drogas nos bairros de Rosario (uma das maiores cidades argentinas). Um exemplo desse esquema de violência, que sustenta o negócio criminoso, é o que aconteceu no bairro La Tablada no início do ano. Assassinatos, ameaças e tiroteio, mas isso tem em todo lugar. O que tem de diferente?
Em 12 de janeiro passado, os operários de uma cooperativa de bairro estavam demolindo as paredes de um bunker localizado na Ayacucho ao 4300, quando uma jovem de 27 anos apareceu e os ameaçou.
"Vão embora porque vamos atirar em vocês", gritou a mulher.
Aquele lugar era controlado pela mulher que apareceu inesperadamente: Leila Schmitt, parceira de Alan Funes, um narcotraficante de 26 anos atualmente preso na penitenciária de Ezeiza.
Todos conheciam os antecedentes de violência do clã Funes quando Leila Schmitt ameaçou os operários que demoliam o bunker.
Os operários saíram correndo. Não ficou ninguém. Foi o primeiro ponto de venda que foi derrubado por ordem da Promotoria de Rosario. A escolha desse bunker foi porque ele é um emblema em um bairro marcado pela violência. Pelo menos duas gerações do clã Funes estiveram à frente desse ponto de venda de drogas.
A HISTÓRIA DE LEILA.
Em janeiro passado (2023), foi realizada a demolição de um simbólico bunker do clã Funes.
Alan Funes ganhou notoriedade no final de 2018, quando se filmou disparando uma metralhadora na casa de sua avó, onde cumpria prisão domiciliar. A partir desse vídeo, que tinha como objetivo mostrar o poder de fogo de um grupo de narcotraficantes que ele formava com seus irmãos – dois foram assassinados –, ele começou a se transformar em uma engrenagem violenta do narcotráfico.
- Leila Schmitt foi presa e acusada de ameaçar os operários, que abandonaram as ferramentas e fugiram diante da mulher que é uma narcotraficante influente na zona. Na audiência, foi estabelecido que ela deveria pagar uma fiança de $400 mil, dinheiro arrecadado em poucas horas de venda de drogas em La Tablada.
- Um mês depois, ela foi presa novamente. E desta vez não foi por uma ameaça, mas por estar ligada a um duplo homicídio, pelo menos inicialmente. Os assassinatos ocorreram em 13 de fevereiro nesse bairro, onde foram executados o taxista José Luis Assale, de 63 anos, e o passageiro que ele transportava, Carlos Uriel Acosta, de 21. O alvo, segundo a investigação, era o homem mais jovem, mas os atacantes não hesitaram em matar o motorista.
- Não demorou muito até que ela fosse presa novamente. Em 13 de maio, em várias batidas, foi encontrado entre os escombros do bunker da família Funes, na Ayacucho ao 4300, um galão de gasolina, que teria sido usado para semear terror em Rosario e manter o medo entre a população após a sequência de quatro homicídios que abalaram a cidade no início de março.
A história é muito parecida com muitas outras de pretos pobres das favelas brasileiras, mas me chamou a atenção a violência de uma menina que poderia ser encontrada em qualquer shopping da cidade.
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