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terça-feira, maio 14, 2024

QUAL O CUSTO DOS SEGUROS COM A TRAGÉDIA DO RS ?

 

O Brasil tem sido o paraíso das seguradoras, mas essa história tem mudado com o rompimento de barragens e agora, com o agravamento dos fenômenos naturais cujo ápice se mostra na tragédia do Rio Grande do Sul 
"O Brasil é um país tranquilo, ele não tem terremotos, não tem maremotos. É o que nós brasileiros costumamos dizer. Mas agora o Brasil sofreu algo como se tivesse sido o seu 'terremoto'."

A frase acima é de Francisco Galiza, economista consultor e ecoa o que especialistas no setor de seguros disseram à BBC News Brasil: todos foram unânimes em afirmar que as inundações no Rio Grande do Sul serão o maior incidente com sinistros da história do país.

O sinistro é quando uma pessoa ou empresa que paga por um seguro de um bem precisa receber dinheiro da seguradora — porque houve algum incidente que danificou esse bem, ou houve perda total.

Na história do Brasil, já houve incidentes com números de mortos maiores do que os registrados até agora. Enchentes em Teresópolis (RJ) em 2011, por exemplo, mataram quase mil pessoas. Até o momento, as chuvas no Rio Grande do Sul registraram mais de cem vítimas fatais Mas eventos como o de Teresópolis duraram poucos dias e foram mais localizados — assim como a maioria de fenômenos registrados no Brasil. Já no Rio Grande do Sul as chuvas vêm castigando o Estado há mais de duas semanas — e com previsão de novos temporais para os próximos dias.

Nem mesmo o acidente da mineradora Vale em Mariana em 2015 — que provocou mortes, destruiu cidades, poluiu o rio Doce por quilômetros, afetando a vida de milhares de pessoas — teve a mesma magnitude dos danos materiais de agora.

Os governos federal e do Rio Grande do Sul têm falado em um pacote de R$ 50 bilhões para ajudar o Estado.

A duração e extensão dos danos são inéditas no país. Mais de 80% dos municípios foram afetados. Em Eldorado do Sul, a cidade inteira precisou ser evacuada.

O aeroporto internacional Salgado Filho ficará fechado até o fim do mês. Nunca um aeroporto brasileiro precisou ficar fechado por tanto tempo por causa de estragos naturais. Em Porto Alegre, a cidade pode continuar alagada por semanas.

Nenhum dos entrevistados do setor de seguros conseguiu estimar ainda em valores qual será o tamanho do sinistro envolvido — porque as enchentes ainda estão em andamento — apesar de todos concordarem de que será recorde.

dois problemas que impedem as seguradoras de estimarem os prejuízos dos clientes gaúchos.

O primeiro deles é que não foi possível ainda sequer levantar os estragos já ocorridos — porque em muitas localidades a água ainda não baixou. Os donos de veículos e residências ainda não conseguiram voltar para suas casas para verificar os prejuízos que tiveram e acionar suas seguradoras.

As empresas de seguro disseram à BBC News Brasil que por isso até agora o volume de sinistros registrados ainda foi relativamente baixo — mas deve crescer muito nas próximas semanas, na medida em que as pessoas afetadas conseguirem voltar para seus lares.

O segundo problema é que as chuvas ainda não acabaram. Mesmo que fosse possível estimar o dano feito até agora, não se sabe quanto prejuízo ainda virá pela frente nos próximos dias.

O Rio Grande do Sul ainda está recebendo mais chuvas — tanto nas áreas que já foram até agora mais gravemente afetadas como em novas regiões. Por isso, as seguradoras dizem que só será possível estimar um valor mais exato daqui a dias ou semanas.

Por ora, enquanto a crise das chuvas está em andamento, as seguradoras estão reforçando suas equipes para atender clientes no Rio Grande do Sul neste mês. Algumas empresas maiores possuem frotas de veículos e jet-skis usados em tempos normais para averiguação de prejuízos. Esses equipamentos estão sendo emprestados para a Defesa Civil para ajuda nos resgates em andamento.

Impacto para afetados nas inundações

As autoridades estimam que mais de 1,7 milhão de pessoas foram afetadas – com 395 mil deslocados de suas casas.

- A pergunta que muitos clientes se fazem nesse momento é se as seguradoras brasileiras terão capacidade de pagar todos os seguros que serão pedidos ao mesmo tempo, na medida que os afetados voltarem para as suas casas?

A resposta é sim, segundo Roberto Santos, presidente do Conselho Diretor da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg) — que representa todo o setor no Brasil. Ele diz que as seguradoras brasileiras estão bem posicionadas para lidar com os sinistros.

"O Brasil é muito grande. Você tem um Estado afetado por um evento muito grande, mas você tem o resto do Brasil funcionando muito bem. O setor teria dificuldades só se houvesse um evento desse tamanho em todo o Brasil ao mesmo tempo", disse Santos à BBC News Brasil.

Diante das enchentes, a confederação fez duas recomendações especiais a todas seguradoras que trabalham com clientes no Rio Grande do Sul.

Primeiro, houve um pedido para que todos os contratos que estavam para vencer agora no mês de maio fossem automaticamente estendidos por alguns dias. O objetivo é que nenhum cliente ficasse sem seguro neste momento por apenas uma questão de poucos dias. 

O segundo pedido foi para que pessoas e empresas que tiverem atrasado pagamentos no mês de maio não fiquem sem cobertura de seguros agora. Normalmente as seguradoras não precisam pagar sinistros quando o cliente não está em dia.

"A pessoa que está isolada e esperando ser resgatada não vai pensar em pagar um boleto. Mas se ela deixa de pagar, ela fica sem cobertura. Então fizemos esse pedido às seguradoras para mudar isso neste momento", diz Santos.

Segundo a CNseg, a maioria das seguradoras está atendendo aos dois pedidos.

Mulher limpando casa com lama
SEBASTIAO MOREIRA/EPA-EFE

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