Cotas Raciais: Um Avanço Social que Precisa de Critérios Transparentes
A recente decisão da Justiça Federal determinando a matrícula do estudante Geidson Silva de Sousa no curso de Medicina da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) reacende o debate sobre a transparência na aplicação das cotas raciais no Brasil.
O jovem foi aprovado no Sistema de Seleção Unificada (Sisu) com base em sua nota no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), mas teve sua matrícula negada pela UFMA, que alegou que ele não atendia aos critérios raciais para ocupar uma vaga destinada a candidatos autodeclarados pardos.
A Defensoria Pública da União (DPU) contestou a decisão da universidade, e a Justiça determinou sua matrícula.
Esse caso evidencia um problema recorrente na política de cotas: a falta de critérios objetivos na definição de quem tem direito ao benefício. Atualmente, a Lei nº 12.711/2012, que regulamenta a reserva de vagas para estudantes de escolas públicas, negros, pardos, indígenas e pessoas com deficiência, prevê que a autodeclaração é o primeiro critério de identificação racial. No entanto, devido a fraudes e controvérsias, universidades têm criado comissões de heteroidentificação para avaliar os candidatos.
O artigo 3º da Lei nº 12.711/2012 estabelece:
"As instituições federais de ensino superior reservarão, em cada seleção para ingresso nos cursos de graduação, no mínimo 50% (cinquenta por cento) de suas vagas para estudantes que tenham cursado integralmente o ensino médio em escolas públicas."
O parágrafo único do mesmo artigo complementa que parte dessas vagas deve ser destinada a candidatos autodeclarados negros, pardos e indígenas, de acordo com a composição racial da população local, conforme dados do IBGE.
OPINIÃO

Por DR ROGÉRIO ALVES
A falta de um critério claro para determinar a identidade racial dos beneficiários tem gerado disputas judiciais e subjetividade na aplicação da norma. Enquanto algumas universidades adotam bancas de verificação, outras se baseiam apenas na autodeclaração, criando insegurança jurídica e, em alguns casos, injustiças.
As cotas raciais são um avanço social inegável, pois visam corrigir desigualdades históricas e promover a inclusão de grupos marginalizados.
No entanto, para que o sistema seja justo, é essencial estabelecer parâmetros objetivos e transparentes na avaliação dos beneficiários. Do contrário, corre-se o risco de criar privilégios indevidos e gerar novas injustiças, desvirtuando o propósito da política pública.
O desafio agora é aperfeiçoar a legislação para garantir que as cotas sejam aplicadas com equidade e justiça social.
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