Em setembro de 2024, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve em Alcântara, Maranhão, para participar da assinatura do Termo de Conciliação, Compromissos e Reconhecimentos Recíprocos, visando resolver um conflito de quatro décadas entre o Estado brasileiro e as comunidades quilombolas locais.
Durante a visita, Lula também assinou o Decreto de Interesse Social do território quilombola, passo fundamental para a titulação da área, garantindo direitos territoriais às comunidades afetadas pela instalação do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) na década de 1980.
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Foto reprodução |
Além disso, o presidente entregou títulos de domínio a comunidades quilombolas de todo o Brasil e assinou decretos de interesse social relativos a territórios quilombolas.
Antes da cerimônia oficial, Lula visitou a comunidade quilombola de Mamuna e sobrevoou outras áreas quilombolas, como as agrovilas de Marudá e Pepital. Essas visitas reforçaram o compromisso do governo federal com a regularização fundiária e o reconhecimento dos direitos das comunidades tradicionais da região.
Essas ações representaram um marco na garantia de direitos às comunidades quilombolas de Alcântara, promovendo justiça social e fortalecendo o Programa Espacial Brasileiro de forma inclusiva e respeitosa às populações locais.
Relembrei essa visita de Lula para questionar o que representa o CLA para a cidade de Alcântara e quais os benefícios econômicos para o Maranhão?
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Vista aérea do CLA |
O Acordo de Salvaguardas Tecnológicas (AST) entre Brasil e Estados Unidos, firmado em 2019, permite o uso comercial do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) para o envio de satélites ao espaço, garantindo que tecnologias americanas não sejam copiadas ou transferidas.
Esse acordo abre caminho para investimentos e desenvolvimento do setor espacial no Brasil, mas há pontos sensíveis que podem gerar impactos negativos, especialmente para a população local.
Possíveis prejuízos à população:
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Comunidades quilombolas
- A região de Alcântara abriga centenas de famílias quilombolas, que já foram impactadas pela instalação do CLA nos anos 80. Com a ampliação da base, há o risco de novas remoções forçadas, gerando prejuízos sociais e culturais.
- Até hoje, essas comunidades lutam por regularização fundiária, e há receios de que a expansão do projeto piore essa situação.
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Restrições de acesso e desenvolvimento local
- O acordo prevê que áreas sob controle dos EUA dentro da base tenham acesso restrito. Isso pode limitar atividades pesqueiras e agrícolas da população, que já enfrenta dificuldades econômicas.
- Além disso, não há garantias de que os benefícios econômicos do projeto cheguem efetivamente à população de Alcântara.
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Dependência tecnológica
- O Brasil pode perder oportunidades de desenvolver sua própria tecnologia espacial, já que o acordo proíbe o acesso a tecnologias lançadas do CLA sem autorização dos EUA. Isso pode manter o país dependente de nações estrangeiras nesse setor estratégico.
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Impactos ambientais
- Lançamentos espaciais podem gerar poluição sonora, química e risco de acidentes, o que preocupa ambientalistas e moradores locais.
O outro lado: possíveis benefícios
Apesar dos desafios, o AST pode trazer avanços como:
- Geração de empregos diretos e indiretos, especialmente se houver investimento em capacitação local.
- Fortalecimento do programa espacial brasileiro, aumentando a visibilidade internacional do CLA.
- Atração de investimentos estrangeiros no setor aeroespacial.
O problema é que os benefícios podem não ser distribuídos de forma justa, e a população local pode acabar arcando com os custos do progresso.
O governo brasileiro precisa garantir que o desenvolvimento espacial não aconteça às custas das comunidades tradicionais e que os ganhos desse acordo sejam revertidos para a população, e não apenas para grandes empresas e interesses estrangeiros.
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