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quarta-feira, março 05, 2025

O CLA TRÁS DESENVOLVIMENTO OU SÓ PROBLEMAS❓️

Em setembro de 2024, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve em Alcântara, Maranhão, para participar da assinatura do Termo de Conciliação, Compromissos e Reconhecimentos Recíprocos, visando resolver um conflito de quatro décadas entre o Estado brasileiro e as comunidades quilombolas locais.

Durante a visita, Lula também assinou o Decreto de Interesse Social do território quilombola, passo fundamental para a titulação da área, garantindo direitos territoriais às comunidades afetadas pela instalação do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) na década de 1980. 

Foto reprodução 

Além disso, o presidente entregou títulos de domínio a comunidades quilombolas de todo o Brasil e assinou decretos de interesse social relativos a territórios quilombolas.

Antes da cerimônia oficial, Lula visitou a comunidade quilombola de Mamuna e sobrevoou outras áreas quilombolas, como as agrovilas de Marudá e Pepital. Essas visitas reforçaram o compromisso do governo federal com a regularização fundiária e o reconhecimento dos direitos das comunidades tradicionais da região.

Essas ações representaram um marco na garantia de direitos às comunidades quilombolas de Alcântara, promovendo justiça social e fortalecendo o Programa Espacial Brasileiro de forma inclusiva e respeitosa às populações locais.

Relembrei essa visita de Lula para questionar o que representa o CLA para a cidade de Alcântara e quais os benefícios econômicos para o Maranhão? 

Vista aérea do CLA

O Acordo de Salvaguardas Tecnológicas (AST) entre Brasil e Estados Unidos, firmado em 2019, permite o uso comercial do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) para o envio de satélites ao espaço, garantindo que tecnologias americanas não sejam copiadas ou transferidas. 

Esse acordo abre caminho para investimentos e desenvolvimento do setor espacial no Brasil, mas há pontos sensíveis que podem gerar impactos negativos, especialmente para a população local.

Possíveis prejuízos à população:

  1. Comunidades quilombolas

    • A região de Alcântara abriga centenas de famílias quilombolas, que já foram impactadas pela instalação do CLA nos anos 80. Com a ampliação da base, há o risco de novas remoções forçadas, gerando prejuízos sociais e culturais.
    • Até hoje, essas comunidades lutam por regularização fundiária, e há receios de que a expansão do projeto piore essa situação.
  2. Restrições de acesso e desenvolvimento local

    • O acordo prevê que áreas sob controle dos EUA dentro da base tenham acesso restrito. Isso pode limitar atividades pesqueiras e agrícolas da população, que já enfrenta dificuldades econômicas.
    • Além disso, não há garantias de que os benefícios econômicos do projeto cheguem efetivamente à população de Alcântara.
  3. Dependência tecnológica

    • O Brasil pode perder oportunidades de desenvolver sua própria tecnologia espacial, já que o acordo proíbe o acesso a tecnologias lançadas do CLA sem autorização dos EUA. Isso pode manter o país dependente de nações estrangeiras nesse setor estratégico.
  4. Impactos ambientais

    • Lançamentos espaciais podem gerar poluição sonora, química e risco de acidentes, o que preocupa ambientalistas e moradores locais.

O outro lado: possíveis benefícios

Apesar dos desafios, o AST pode trazer avanços como:

  • Geração de empregos diretos e indiretos, especialmente se houver investimento em capacitação local.
  • Fortalecimento do programa espacial brasileiro, aumentando a visibilidade internacional do CLA.
  • Atração de investimentos estrangeiros no setor aeroespacial.

O problema é que os benefícios podem não ser distribuídos de forma justa, e a população local pode acabar arcando com os custos do progresso. 

O governo brasileiro precisa garantir que o desenvolvimento espacial não aconteça às custas das comunidades tradicionais e que os ganhos desse acordo sejam revertidos para a população, e não apenas para grandes empresas e interesses estrangeiros.

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