O episódio
Hugo Motta x Carlos Jordy.
A sessão da Câmara dos Deputados desta terça-feira, 15 de julho, expôs mais uma vez o grau de imaturidade que tem dominado os espaços de poder em Brasília. O embate entre o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), e o deputado Carlos Jordy (PL-RJ) não foi apenas um bate-boca acalorado. Foi o retrato de uma política feita no grito, na ameaça, no confronto — e não no diálogo institucional.
O motivo da discórdia?
Um destaque à PEC dos Precatórios — aquela que adia em dez anos a inclusão dessas dívidas na meta fiscal — e que teria sido retirado sem autorização do líder do PL, segundo Jordy. A resposta de Hugo Motta veio em tom elevado, como quem bate na mesa para afirmar autoridade, mas revela justamente o contrário: insegurança.
A frase “não funciono sob ameaça”, dita em tom dramático, mais parece ter saído de um roteiro de novela do que de um líder com estatura política para conduzir a Câmara.
Não é a primeira vez que Hugo Motta se envolve em confusões que beiram o autoritarismo.
A sensação é de que sua presidência se sustenta mais em articulações de bastidor do que em autoridade legítima conquistada pelo respeito aos pares. E isso é preocupante. O país precisa de lideranças maduras, conscientes de seu papel institucional, e não de chefetes de ocasião tentando se impor no grito.
De outro lado, o deputado Carlos Jordy e o PL continuam insistindo na velha tática da chantagem política. Fazem barulho, inflamam suas bases nas redes sociais, mas na hora do voto, muitas vezes recuam ou negociam nos bastidores.
A direita bolsonarista, que se alimenta do confronto, parece ter perdido a mão. Suas estratégias desgastadas já não intimidam como antes — nem no Parlamento, nem no Judiciário, nem na imprensa.
A política é dinâmica. E como a velha biruta do aeroporto, que aponta para onde sopram os ventos, os acontecimentos recentes mostram que os ventos estão mudando. A tática do confronto permanente vai, pouco a pouco, perdendo espaço para a busca de soluções reais. Não porque os políticos estejam mais conscientes, mas porque o povo está cansado.
Enquanto Hugo Motta encena sua autoridade e Jordy encena sua revolta, o Brasil segue com um problema gravíssimo: precatórios sendo empurrados para o futuro, rombos fiscais sendo maquiados, e uma população que continua à margem dessas disputas, pagando a conta da incompetência e da vaidade dos que deveriam representá-la com decência.
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