
Três demissões e um abalo:
o que acontece com a base do governo Lula?
Depois de confirmadas as demissões dos ministros Carlos Lupi (Previdência) e Juscelino Filho (Comunicações), e a ministra das mulheres Cida Gonçalves,(veja a matéria) o governo Lula acenderá um novo sinal de alerta: o da estabilidade política.
Em um governo que se equilibra sobre uma base aliada numericamente larga, mas ideologicamente frágil, cada peça removida do tabuleiro gera um ruído que pode se transformar em rachadura.
Como o ministério da mulher era do PT e ficou com o PT, comecemos com Carlos Lupi. Presidente licenciado do PDT, sua saída abala um histórico canal de diálogo com a esquerda moderada e o centro trabalhista — um setor que, embora não tenha sido decisivo nas urnas em 2022, tem voz importante no Congresso.
Além disso, a Previdência é uma pasta delicada, onde qualquer passo em falso vira munição para a oposição. A saída de Lupi, seja por desgaste interno ou por pressão política, levanta suspeitas: Lula rompe com aliados para agradar o mercado ou reorganiza o governo mirando 2026?
Já no caso de Juscelino Filho, o cenário é outro.
O ministro vinha sendo alvo de denúncias desde o início do mandato. Sua manutenção até agora era vista como uma concessão ao União Brasil, partido que, embora oficialmente da base, vive com um pé na oposição. A queda de Juscelino pode até ser interpretada como um movimento de "limpeza ética" — mas abre uma nova disputa dentro do centrão: quem vai ocupar o espaço deixado? E com que lealdade?
Por outro lado, se o governo conseguir reposicionar essas pastas com nomes técnicos e conciliadores, pode transformar a crise em ganho político — um gesto de força, e não de fraqueza.
O fato é que, em Brasília, a demissão de dois ministros nunca é apenas administrativa. É sempre política. E, nesse caso, os efeitos colaterais podem reverberar muito além do Planalto.
A base deste desgoverno é o STF. Ponto.
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