A possível candidatura de Gusttavo Lima e o desprezo pelo compromisso institucional
A recente comemoração de líderes do PT em relação à possível candidatura de Gusttavo Lima, conforme relatado pelo portal Metrópoles, revela mais uma peça do mosaico político brasileiro atual. O fenômeno de celebridades e figuras públicas sem experiência política tentando ingressar na arena eleitoral não é novo, mas ganhou destaque nos últimos anos com o fortalecimento de movimentos que priorizam a rejeição à política tradicional.
Com essa notícia, percebe-se que o bolsonarismo é mesmo um movimento político de pessoas com pouco apego às formalidades da política tradicional e, em consequência, pouco compromisso com as instituições. Essa característica, que inicialmente parecia uma crítica legítima à corrupção e ao fisiologismo, acabou se desdobrando em uma abordagem que despreza o papel das estruturas institucionais na consolidação democrática.
O entusiasmo com figuras como Gusttavo Lima não se restringe à direita, mas é emblemático do descontentamento popular com os políticos convencionais. Contudo, a entrada de outsiders no campo político muitas vezes se dá sem um preparo adequado, resultando em gestões frágeis e pautadas mais pelo populismo do que por uma visão estratégica de longo prazo.
A política, com suas formalidades e procedimentos, não é apenas uma burocracia vazia; é o meio pelo qual se organizam as bases para o desenvolvimento e a justiça social. Quando figuras sem preparo assumem posições de poder, há um risco real de retrocessos nas políticas públicas, na representatividade e no fortalecimento das instituições democráticas.
Enquanto o bolsonarismo e movimentos similares celebram a anti-política, é crucial refletirmos sobre o custo desse desprezo pelas estruturas institucionais. O flerte com candidatos outsiders pode até parecer uma solução imediata para a insatisfação popular, mas é essencial lembrar que a política requer não apenas carisma, mas também competência, conhecimento e compromisso com o interesse público. Sem isso, a democracia se enfraquece e a sociedade paga o preço.
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