Em relatório recente da Polícia Federal (PF), com mais de 900 páginas, o general reformado Mário Fernandes foi apontado como peça central de uma suposta estratégia para imputar ao ex-ministro da Justiça, Flávio Dino, a responsabilidade pelos atos de vandalismo ocorridos em 8 de janeiro de 2023. A investigação, que busca esclarecer as origens das manifestações violentas, é vista por parte da sociedade como mais um capítulo de uma polarização política que há anos contamina o cenário nacional.
Contudo, o impacto dessas investigações ultrapassa o campo jurídico e atinge diretamente o ambiente político. A repercussão do caso surge em um momento em que as pesquisas eleitorais indicam uma recuperação significativa do ex-presidente Jair Bolsonaro no cenário eleitoral. Segundo os levantamentos mais recentes, Bolsonaro não apenas lidera as intenções de voto, como também demonstra capacidade de transferir capital político à sua esposa, Michelle Bolsonaro, fortalecendo o bolsonarismo como força política no Brasil.
Esse cenário reflete um esgotamento do eleitorado em relação à polarização entre Lula e Bolsonaro, mas evidencia, ao mesmo tempo, a dificuldade de surgirem alternativas concretas no campo político. A insistência em investigações intermináveis e narrativas que alimentam o antagonismo parece desviar o foco do que realmente importa: o desenvolvimento econômico e a preservação da democracia.
É preciso questionar o custo dessa polarização para o país. Enquanto inquéritos se arrastam e acusações são usadas como ferramentas políticas, o Brasil enfrenta desafios sérios, como inflação, desemprego e precariedade nos serviços públicos. Além disso, a democracia sofre quando o judiciário se torna protagonista em crises que deveriam ser resolvidas no âmbito político.
Diante desse quadro, é urgente que a esquerda comece a repensar suas estratégias. A dependência excessiva da figura de Lula como único polo de oposição ao bolsonarismo limita o debate político e impede o surgimento de novas lideranças que possam unificar o país em torno de um projeto mais amplo e inclusivo.
Está na hora de sair da polarização Lula-Bolsonaro. O Brasil não pode mais perder tempo discutindo versões reinventadas de fatos que deveriam estar resolvidos. O preço econômico e social dessa polarização é alto, e a democracia brasileira não pode ficar eternamente refém de um judiciário hipertrofiado. O país precisa avançar, e isso só será possível com alternativas políticas que superem o embate entre extremos.
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