O Dilema de Roberto Costa: Promessa de Gestão ou Continuidade de Política?
No último dia 6 de outubro, Roberto Costa foi eleito prefeito de Bacabal em uma vitória expressiva, resultado de uma campanha marcada por uma forte estrutura de apoio, que incluía três deputados estaduais, a presidente da Assembleia Legislativa e até o governador do Maranhão.
No entanto, para assegurar esse resultado, a máquina pública foi utilizada de forma intensa, com mais de 4 mil contratações temporárias (os chamados “contratos nulos”) realizadas entre 2023 e 2024, garantindo-lhe uma base de apoio considerável, mas deixando o futuro prefeito com um enorme dilema administrativo e político.
Agora, a grande questão é como Roberto Costa vai lidar com a herança de uma administração inchada e insustentável.
Ele terá que decidir se demite todos os contratados que lhe garantiram a vitória ou se mantém a estrutura, arriscando ser acusado de improbidade administrativa e prejudicar o município.
O Custo Político e Jurídico da Decisão
Se optar por demitir os contratados, Roberto Costa inevitavelmente vai perder o apoio dos vereadores que fazem parte de sua base aliada. Esses vereadores, assim como ele, foram eleitos com o apoio de famílias que esperam manter os cargos conquistados através desses contratos temporários.
Nesse cenário, o prefeito poderia se isolar politicamente, fragilizando seu governo já no início.
Por outro lado, a permanência desses funcionários temporários na máquina pública implicaria não apenas no risco de ações de improbidade, mas também no desgaste de imagem frente ao Ministério Público e à opinião pública. Manter um sistema que sobrecarrega as finanças do município pode se tornar insustentável a médio prazo, além de reforçar a percepção de que a velha política, marcada por práticas clientelistas, continua a dominar a administração pública.
O Caminho da Gestão Eficiente: Concurso Público como Solução?
Uma solução que lhe traria prestígio junto aos órgãos de controle seria a realização de concursos públicos, substituindo os contratos temporários por servidores concursados, dentro dos princípios da legalidade e impessoalidade. Embora essa decisão possa desagradar sua base política e resultar em uma ruptura com os vereadores, ela colocaria Roberto Costa como um gestor que cumpre sua promessa de administrar Bacabal com seriedade e transparência.
O dilema, porém, está em que qualquer escolha terá consequências profundas: ou ele abraça a difícil missão de reformar a gestão, cortando os excessos e enfrentando a perda de apoio político, ou segue o caminho mais fácil, mantendo o status quo, com todos os seus riscos jurídicos e financeiros.
O Futuro de Bacabal e o Legado de Roberto Costa
O que Roberto Costa decidirá nos próximos meses definirá não apenas seu governo, mas também o futuro político da cidade. Se ele optar por ser o administrador sério que prometeu, poderá trilhar um caminho de credibilidade e crescimento para Bacabal, ainda que à custa de sua base política. Caso siga a cartilha de seu antecessor, Edvan Brandão, o risco de sucumbir às pressões políticas e comprometer o desenvolvimento do município é grande.
Resta saber se o novo prefeito está disposto a enfrentar esse desafio ou se repetirá os erros do passado.
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